Coerência Cristã
A BBC Brasil noticiou em dezembro
último que um padre da paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Huelma, no
sul da Espanha, impediu a celebração de um batizado, porque o padrinho era
casado no civil com outro homem (infelizmente isso agora é permitido na
Espanha). Os pais da menina enviaram uma carta ao arcebispo da província de
Jaén. O Arcebispado emitiu um comunicado apoiando o padre e advertindo que um
padrinho católico precisa ter uma vida “congruente”. A nota da Igreja cita o Código de Direito
Canônico, cânon 874, que descreve os requisitos para os padrinhos de batismo: “deve
ser católico, estar confirmado, ter recebido o santíssimo sacramento da
Eucaristia e levar uma vida congruente com a fé e a missão que vai assumir”. “Esclarecemos
este tema para evitar os juízos sobre uma suposta discriminação na atuação do
sacerdote, que apenas reitera a necessidade de cumprir a normativa eclesiástica
universal”.
Congruente quer dizer de acordo com a
fé católica e a sua missão de padrinho. Coerência da vida com o que se crê e
admite. Católico que se professa tal deve viver de modo coerente com o que
ensina a doutrina católica. A Igreja ensina que o “divórcio entre a fé que
professam e o comportamento quotidiano de muitos deve ser contado entre os mais
graves erros do nosso tempo” (Gaudium et Spes,
43).
Assim, a doutrina católica ensina que
“Deus criou o homem à sua imagem; homem e mulher os criou” (Gn 1, 27).
Compete a cada um, homem e mulher, reconhecer e aceitar a sua identidade sexual.
A diferença e a complementaridade físicas, morais e espirituais
orientam-se para os bens do matrimónio e para o progresso da vida familiar”.
(Catecismo da Igreja Católica, 2331-2333). Aceitar-se como homem ou mulher,
conforme fez a natureza, obra de Deus.
Sobre a homossexualidade, a Igreja
ensina: “Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações
graves (Cf. Gn 19, 1-29; Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 9-10; 1
Tm 1, 10), a Tradição sempre declarou que os atos de homossexualidade são
intrinsecamente desordenados. São contrários à lei natural, fecham o ato sexual
ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual,
não podem, em caso algum, ser aprovados”.
Mas, condenando tais atos, a Igreja
prega sempre o respeito pela pessoa humana do homossexual, masculino ou
feminino: “Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza.
Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas
pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem
cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem
encontrar devido à sua condição. As pessoas homossexuais são chamadas à
castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e,
às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça
sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição
cristã” (Catecismo da Igreja Católica, 2357-2359).
Dom Fernando Arêas Rifan
Bispo da Administração Apostólica
Pessoal São João Maria Vianney
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