O Natal Continua!
Dom Fernando Arêas Rifan*
Ainda sob os reflexos do Natal, reflitamos em todas as
lições desse maior acontecimento da história da humanidade, razão de nossa
esperança e causa de nossa alegria: “O próprio Filho de Deus veio ‘em carne
semelhante à do pecado' (Rm 8,3) para condenar o pecado e, após tê-lo
condenado, excluí-lo completamente do gênero humano. Chamou o homem à
semelhança consigo mesmo, fez dele imitador de Deus, colocou-o no caminho
indicado pelo Pai, para que ele pudesse ver Deus e o oferecesse em dom ao
próprio Pai” (S. Irineu).
O Natal é a primeira festa litúrgica, o recomeçar do
ano religioso, como a nos ensinar que tudo recomeçou ali. O nascimento de Jesus
foi o princípio da revelação do grande mistério da Redenção que começava a se
realizar e já tinha começado na concepção virginal de Jesus, o novo Adão. Deus
queria que o seu projeto para a humanidade fosse reformulado num novo Adão, já
que o primeiro Adão havia falhado por não querer se submeter ao seu Senhor,
desejando ser o senhor de si mesmo e juiz do bem e do mal. Assim, Deus enviou
ao mundo o seu próprio Filho, o Verbo eterno, por quem e com quem havia criado
todas as coisas. Esse Verbo se fez carne, incarnou-se no puríssimo seio da
Virgem, por obra do Espírito Santo, e começou a ser um de nós, nosso irmão,
Jesus. Veio ensinar ao homem como ser servo de Deus. Por isso, sendo Deus,
fez-se em tudo semelhante a nós, para que tivéssemos um modelo bem próximo de
nós e ao nosso alcance. Jesus é Deus entre nós, o “Emanuel – Deus conosco”.
Terminadas, pois, as festas
natalinas, não podemos nos esquecer da mensagem do Natal. E o Natal traz lições
para todas as épocas do ano.
São Francisco de Assis
inventou o presépio, quer dizer, a representação iconográfica do nascimento de
Jesus, para que refletíssemos nas grandes lições desse maior acontecimento da
história da humanidade, seu marco divisor, fonte de inspiração para os grandes
pintores e manancial de meditação para os místicos.
Mas quantos nem se
recordaram do aniversariante deste dia nem da sua mensagem de amor e de sua
pregação das virtudes! O Natal fica esquecido e seu protagonista também. Às
vezes passamos um Natal materialista, apenas de compras e diversões, celebramos
um Natal egoísta, sem nos lembrarmos do irmão faminto e necessitado. Com a mesa
farta, não nos recordamos dos que não têm sequer um pedaço de pão!
Que tal se fizéssemos um
Natal contínuo, pensando mais no divino Salvador, na sua doutrina, nas virtudes
que nos ensinou, no amor com que nos amou, imitando o seu exemplo, praticando a
caridade, consolando uma pessoa triste, levando a um doente uma palavra de
conforto, perdoando um inimigo nosso, mostrando gratidão a quem nos fez algum
bem, convivendo melhor com nossa família, rezando um pouco melhor...
Desse
modo a mensagem do Natal vai continuar durante todo o Ano Novo, que assim será
abençoado e feliz. FELIZ ANO NOVO!
*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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