O Dilema das Unidades de Polícia Pacificadora

Ninguém pode negar que a intenção do projeto de ocupação policial das comunidades carentes, as chamadas favelas, no Rio de Janeiro não fosse positiva.

Assistimos aos esforços das polícias e de seus comandos no sentido da implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, as ditas UPPs, que no avanço de suas instalações ao reconquistar áreas ocupadas pelo trafico de drogas, alvo das operações, parecia que os resultados seriam de sucesso.

As reconquistas de áreas se sucederam e, em algumas destas áreas, houve até operações que conjugou a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro e o Exército Brasileiro.

Ninguém se esquece das cenas típicas de filmes de ação, porém, naquele caso, era o retrado da triste realidade das comunidades carentes do Rio de Janeiro. O Complexo do Alemão é uma comunidade, como várias outras, independentemente de tamanho, abandonada há anos pelos poderes públicos, inclusive pelo governo atual.

Os agentes políticos redescobriram incrivelmente que não bastava a “reocupação das comunidades” era imperiosa a necessidade de fornecer a estas outros serviços, que sintetizo na expressão sócio-educacional.

Contudo, é preciso notar que o que fragiliza o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora é a falta de uma política de prevenção às drogas. E isto está fora do âmbito da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, que se vê obrigada a atuar em verdadeiras operações de guerra e, de outro lado, a assistir usuários defendidos por líderes políticos que não permitem a sua criminalização pelo uso de drogas. Certamente, os traficantes agradecem a essa proteção política ao mercado consumidor de drogas.

Qualquer estatística honesta mostra que o consumo de maconha, de cocaína e crack aumentou em 2013 e assim se repetirá ao longo de anos.

No Estado do Rio de Janeiro o valor financeiro global do mercado de venda de drogas gira em torno de R$ 1 bilhão por ano!

Ou fazemos uma forte campanha de prevenção às drogas em âmbito nacional ou de nada ou muito pouco adiantará as Unidades de Polícia Pacificadora, pois como já a imprensa divulga, alguns traficantes se mantiveram e outros retorram aos pontos de vendas nas favelas, já que o consumo de drogas não foi abalado.


Texto do Programa Opinião Católica do dia 23 de dezembro de 2013.

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