Delação Premiada: Reportagem do Fantástico sobre Hospitais do Rio de Janeiro
O Brasil parece que acordou com mais uma grande novidade após a reportagem exibida no Fantástico da Rede Globo de Televisão, na qual foi claramente evidenciada a prática de corrupção e a cartelização do mercado de prestação de bens e serviços para hospitais públicos federais no Estado do Rio de Janeiro.
Na verdade a forma como a conversa foi conduzida pelos fornecedores privados revela que há um ambiente natural já consolidado há anos para a prática dos ilícitos como os gravados na reportagem. Os funcionários das empresas, sócios e "laranjas" demonstraram conviver e incentivar o ambiente hostil à concorrência comercial justa e honesta onde o preço, o atendimento, a qualidade do produto ou do serviço importam na negociação comercial e são determinantes nos processos de aquisição.
O que assistimos denota que há uma base de preço inflada, que não tem parâmetro técnico e, portanto, além do percentual da propina acrescido, os preços em si pactuados nas transações, não resistiriam a uma análise de custos para sua própria formação.
Há um roubo duplo para a sociedade brasileira, pois não reside apenas na violação das boas práticas comerciais os atos vistos que adicionaram ofertas de comissão para a corrupção 10%, 15% ou 20% sobre o preço final dos contratos. O que destaco e insisto é que a base de preço dos produtos e serviços, pela ordenação mafiosa da relação entre os agentes empresariais, já produz um preço, dito de mercado, bem mais elevado.
Acredito, nesta particular situação, que o sucesso da Polícia Federal e do Ministério Público Federal estará em conseguir um acordo amplo de delação premiada, pois estes "empresários" são peças substituíveis no esquema e tudo irá continuar da mesma maneira. Com a delação premiada efetivada, entretanto, teremos a possibilidade de chegarmos aos andares principais da corrupção. Isto será bem melhor para o Brasil do que punir exclusivamente os pagadores de propina.
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