A Política de Ser Mínimo

Assisti, ontem, com profundo desgosto o debate sobre a fixação do salário de 2011 e o estabelecimento da política de reajuste do mesmo até 2014. Acredito ser correta e justa a tentativa de construção de uma política salarial clara para a recomposição do poder de compra do salário mínimo e não torná-lo, apenas, mais um indexador de referência da economia. Contudo, nada disso foi o foco dos debates e da postura do governo Dilma, que enviou a matéria por Medida Provisória. Ontem, o que aconteceu foi a cassação consentida de prerrogativas firmadas na Constituição Federal de poderes próprios do Congresso Nacional, que são indelegáveis. O capítulo de ontem foi o epílogo da constatação da pobreza moral do legislativo do país. O Poder Executivo, de viés autoritário, pisou forte na Constituição Federal e humilhou, de forma costumeira, tanto o Senado Federal quanto à Câmara dos Deputados. Triste assistir que só uma parte pequena de políticos lutou para manter a autonomia do Poder Legislativo. Políticos, inclusive, da base do governo, que somados aos da oposição entenderam ser um preço muito alto para suas consciências e para o futuro do país entregar ao Poder Executivo as prerrogativas exclusivas de outro Poder. Este foi o Ato Institucional número 1 do governo Dilma. Confesso que gostaria de demitir 70% destes operadores da política nacional.

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