A nossa Responsabilidade e a Origem da Força para Exercê-la

As provocações do mundo de hoje nos levam a enfrentar situações que, de início, não sabemos o tamanho e o perigo. Mas há uma inquietação interior maior, que, quase como um reflexo condicionado, nos leva a reagir firmemente. Não dá para ficar calado.

Uma destas provocações é exatamente a de ter que ouvir diariamente na imprensa televisiva, a de maior penetração na população, de que o país avança para a consolidação do sistema democrático e da justiça social.

É inegável que ambas as metas são objetivos permanentes de uma sociedade. Disto jamais se pode descuidar. Contudo, diferente é fazer da democracia uma bandeira apenas, uma letra impressa numa Constituição que pouco se cumpre.

Vejamos dois pontos para não alongar muito este comentário.

A universalização da educação é uma cláusula fundamental. Sem um sistema educacional competente à disposição da sociedade pouco ou nada mudará no sentido de uma progressão humana na busca da tão esperada mobilidade social. A educação é uma mola impulsionadora, que conjugada à liberdade, base da democracia, lança a pessoa sempre na perspectiva de novos horizontes e de novos desafios. Educação é tradição e também a abertura para o novo sob critérios seguros que alicerçaram a sociedade e promoveram seu desenvolvimento.

Outro ponto é a chamada universalização da saúde. Obrigação expressa na Constituição brasileira, que infelizmente é tratada como se fosse sido incluída como uma mera citação de responsabilidade do Estado na Carta Magna. Não! A oferta de uma sistema de saúde é de caráter determinante na Constituição. É uma obrigação imposta a todos os governantes do país. Apesar disto, nada ou quase nada, assistimos em termos de bons cuidados nas unidades de saúde e, menos ainda, no investimento em pesquisa.

O que pretendo demonstrar, sem me alongar muito como eu já disse, é que a democracia brasileira não é efetiva. É apenas uma modalidade de discurso que não se comprova nos fatos. Não tem abrigo na realidade.

O Brasil é um regime tutelado por partidos que optaram por existir como instituições independentes para visão externa, mas estão coligados, informalmente, por razões meramente de buscar estar no bloco poder, subjugando à Constituição a vontade perversa destes como seu objetivo único.

Os partido brasileiros violam na prática, a pluralidade de partidos que se baseia a democracia e é prevista na Constituição, fraudando-a, repito de forma bruta, através da simulação de acordos, bancadas e alianças com tintas imperceptíveis que descaracterizam a independência programática das legendas.

Portanto, o Brasil caminha para ser um país de partido único rasgando a livre organização da sociedade e fomentando, apenas, movimentos ditos sociais ligados ao poder central e por este ricamente financiados.
O Brasil avança assim na direção de se tornar par da Venezuela e similar a outras republiquetas da América Latina, que são governadas sob o manto da corrupção moral e financeira.

Nós católicos temos o dever de assumir uma grande responsabilidade em 2014: o de alertar nossas comunidades para esta situação e entender que neste enfrentamento podemos com fé nos entregar nas mãos do Senhor professando: “O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida perante quem eu temerei?”. Como disse o salmista.


Texto do Programa Opinião Católica do dia 29 de janeiro de 2014.

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