Massa Suprema
Acordamos hoje sob os
efeitos de um voto que cortou os corações dos brasileiros, que tinham ainda um
pouco de confiança no Supremo Tribunal Federal.
Longe de a sociedade
desejar um linchamento ou um justiçamento dos réus, como algumas vozes novatas
e antigas ecoaram no Supremo Tribunal Federal, a expectativa era, de fato, a
aguardada justiça, que no dito popular, tarda mais não falha. Pois bem, mas,
pelo menos desta vez, além de tardar, falhou no fundamento, que era o de
restabelecer a justiça.
Na verdade, a aceitação
dos embargos infringentes pouco tem a ver com o direito de ampla defesa, que
qualquer réu deve ter. A discussão se travou no campo ideológico e político
para privilegiar uma categoria especial de meliantes que frequentam palácios e
o Congresso Nacional.
Outra questão mal
posicionada é a forma como alguns ministros se referem à população. Alguns destes
iluminados têm chamado à população de multidão, num sentido preconceituoso,
dando a entender que estas pessoas não têm um contorno próprio de identidade e
personalidade. Isto é um desrespeito! Entendo até que alguns destes tenham
apreço por massa em função do que estão gestando, mas não cabe tal comparação a
uma população que sabe bem o quer da Justiça.
O acontecimento do dia
18 de setembro de 2013 vai marcar o Supremo Tribunal Federal como um dos piores
momentos de sua história. Não só pela dissintonia com a justiça, que por
obrigação tem que promover, mas pela pálida expressão e desejo de buscá-la e
fazê-la resplandecer.
O Supremo Tribunal
Federal, embora dividido, mas a decisão tomada por maioria, mesmo que apertada,
como neste caso, o efeito moral da decisão atinge ao colegiado como um todo.
Neste momento, o Supremo Tribunal Federal exibe um tipo de justiça encomendada,
sob medida, relativizada por interesses e feita de acordo com a figura do réu.
O processo do “mensalão”
não se restringirá num ato exclusivo do campo judicial. Mesmo que os réus
tenham as suas penas atenuadas e o trânsito em julgado do processo, a população
julgará se as sanções aplicadas foram de fato justas. E, certamente, não
aceitarão conviver e encontrar nas ruas, andando livremente, meliantes que
atentaram contra a ordem constitucional do Estado brasileiro.
Que o julgamento do
“mensalão” amadureça a sociedade brasileira e a faça votar com a
responsabilidade que hoje está a exigir dos ministros do Supremo Tribunal
Federal.
Texto do Programa Opinião Católica do dia 19 de setembro de 2013.
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