A Pessoa Humana e sua Singularidade

Mais de 95% da população brasileira acredita em Deus. E, esta mesma população acredita que a sua incomparável e inalienável dignidade tem origem na própria condição de ser criatura de Deus.

Ao longo de vários séculos o homem busca firmemente se apossar desta vocação natural e exclusiva. Portanto, a dimensão transcendente da pessoa humana lhe confere ser o sujeito e o fundamento de toda a vida social.

Nada na vida social e na sua consequente expressão pode negar ou deixar de reconhecer a pessoa humana como sujeito ativo e responsável, dotado de inteligência, consciência e vontade. A partir deste entendimento aberto e de elevadíssima condição é que devemos orientar a nossa visão antropológica e filosófica da existência e da projeção da vida humana no tempo deste mundo.

Acreditando nesta base de profunda densidade jamais poderemos permitir, admitir ou advogar que qualquer construção ou papel que venha a ser representado pela pessoa humana na história seja distorcido por imagens reducionistas e limitadoras desta vocação de infinito.

É claro que esta visão humanista universal tem sua origem indiscutível na Sagrada Escritura, que fundou as bases e os alicerces da Civilização Ocidental Judaico-Cristã.

Aonde deveríamos buscar referências ou inspirações tão seguras para refundar às bases da nossa civilização? Em Nietzsche, Marx, Gramsci, Stalin, Mao Tsé Tung? Certamente que não!

A pessoa humana deve ser compreendida na sua integralidade na dimensão material e na dimensão espiritual. É próprio reconhecê-la como imagem carregada de subjetividade. É um ser irrepetível de caráter único cuja história não é comparável a nenhuma outra.

Nesta certeza se impõe a liberdade humana antes de tudo e suas escolhas orientadas para o seu próprio bem e de todos da sociedade. É impensável e irracional a opção por escolhas de destruição física, mental e espiritual.

Não se trata, contudo, de um simples respeito, como os exigidos nos códigos de conduta sociais a outras pessoas ou a instituições políticas e sociais, mas a não sujeição a qualquer enquadramento em esquemas de poder ou ideológicos os quais denigram ou reduzam a natureza humana cuja alma é imortal.

Portanto, a opção pelo bem não é um ato banal como alguns podem julgar inerente à própria condição humana.

É importante destacar aqui o papel único e insubstituível da família. A pessoa humana se forma e se desenvolve dentro de um ambiente familiar. Em síntese, é na família que temos o abrigo primeiro e último garantido pelo amor gratuito, que é a sua expressão e identidade maior.
Ao Estado cabe promover e proteger a família e não legislar contra uma instituição sagrada que é notoriamente conhecida e sociologicamente confirmada como base da sociedade. Além disso, a organização familiar é anterior ao próprio Estado.

Desta forma é importante frisar que o sucesso de uma sociedade não é definido, apenas, por um progresso material, mas, antes, e, sobretudo, pelo conjunto de valores que esta sociedade abraça e nos quais ela alicerça o seu crescimento.


Texto do Programa Opinião Católica do dia 31 de maio de 2013.

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